Brasil
Analisando o Brasil: A luta contra o desmatamento na Amazônia, a expansão das energias renováveis e a implementação da sua nova e ambiciosa meta climática (NDC 3.0).
Perfil de emissão
7º maior emissor global de GEE (1.761 MtCO₂e em 2022). A trajetória é altamente influenciada pelo desmatamento. O setor de Mudança de Uso da Terra e Florestas (MUT) é o principal (48%), seguido pela agropecuária (27%) e energia (18%). O pico de emissões ocorreu em 2004.
Matriz Energética
Uma das matrizes mais renováveis do mundo (47% vs 14% global). A eletricidade é 88% renovável (hidrelétricas e eólica). No entanto, combustíveis fósseis (petróleo, gás) ainda compõem 50% da matriz energética total, principalmente em transportes. Crescimento forte de eólica e solar.
Políticas climáticas
Últimas atualizações
O Brasil apresentou a NDC 3.0 (Nov/2024), revertendo a "pedalada climática" da versão anterior e aumentando a ambição para 59-67% de redução até 2035 (vs 2005). A política climática foi reestruturada com foco no Plano de Transformação Ecológica (PTE), na Política Nacional de Transição Energética (PNTE, 2024) e na atualização do Plano Clima Adaptação (2025).
Mitigação
Reduzir emissões líquidas entre 59% e 67% abaixo dos níveis de 2005 até 2035.
Desafios e críticas à NDC
A NDC 2.0 (2022) foi duramente criticada (CAT: "Altamente Insuficiente") por reduzir a ambição. O maior desafio do Brasil é implementar o combate efetivo ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado, que historicamente é a maior fonte de emissões (setor MUT). Embora as metas sejam ambiciosas no papel, a capacidade de execução e fiscalização em campo é o principal obstáculo.
Estratégia de Longo Prazo (LTS)
Brasil não possui Estratégia de Longo Prazo (LTS) no âmbito do Acordo de Paris.
Transição Justa
O Brasil reconectou a agenda climática à justiça social, centrando sua estratégia no Plano de Transformação Ecológica (PTE). A transição justa no país foca menos no carvão (que é regionalizado) e mais em três pilares: (1) Combate ao desmatamento e promoção da bioeconomia na Amazônia, garantindo renda para populações tradicionais; (2) Fomento à agricultura de baixo carbono para garantir segurança alimentar; e (3) Reindustrialização verde, com foco em novas tecnologias e energias renováveis (eólica, solar, hidrogênio verde). A "Política Nacional de Transição Energética" (PNTE) e o "Plano Clima Adaptação" buscam integrar essa abordagem, com forte ênfase na redução da pobreza, inclusão social e participação popular na formulação de políticas climáticas.
Planos de Adaptação
O Brasil estabeleceu seu Plano Nacional de Adaptação (PNA) em 2016, que está atualmente passando por uma grande atualização para se tornar o "Plano Clima Adaptação", com conclusão prevista para 2025. Esta nova estratégia será muito mais abrangente, contando com 16 planos setoriais. Os temas incluem agricultura, biodiversidade, cidades, gestão de riscos, indústria, resíduos, transportes, e também eixos sociais cruciais como igualdade racial, povos indígenas e comunidades tradicionais, saúde e segurança alimentar. O Brasil também utiliza a plataforma AdaptaBrasil para monitorar riscos e vulnerabilidades em nível municipal, integrando dados científicos à tomada de decisão local.
Vulnerabilidade e risco climático
Pontuação: 0,7
Índice de resiliência
até 2100
Índice de vulnerabilidade
Principais ameaças climáticas
O Brasil apresenta alta vulnerabilidade a eventos extremos, como inundações, deslizamentos e secas severas (especialmente na Amazônia e Nordeste). Os biomas, particularmente a Amazônia e o Cerrado, estão sob alto risco. A vulnerabilidade social é um componente crítico, com alta desigualdade e populações vulneráveis (indígenas, quilombolas, comunidades urbanas) sendo as mais afetadas. A segurança hídrica, energética e alimentar está diretamente ameaçada.