Sul Global

Vulnerabilidade acentuada, responsabilidade histórica e a busca por reconhecimento nas decisões globais.

O que é o Sul Global?

Observatório Sul Global

O termo Sul Global diz respeito a um conjunto de países que compartilham trajetórias marcadas por desigualdades econômicas, históricos de colonização ou dependência externa, e menores níveis de poder no sistema internacional. Apesar de não indicar apenas localização geográfica, já que muitos “países do Sul” ficam em latitudes diversas, o conceito assume uma dimensão político-histórica: ele enfatiza como essas nações foram sistematicamente marginalizadas nos processos de desenvolvimento global e nas decisões que moldam o sistema internacional.

Na arena das mudanças climáticas, o reconhecimento do Sul Global é fundamental para compreender:

  • a responsabilidade histórica diferenciada, pois muitos gases de efeito estufa acumulados vieram das economias do Norte Global;

  • a vulnerabilidade acentuada de países do Sul Global — por exemplo diante de secas, inundações ou impactos extremos — mesmo quando suas emissões per capita são bem menores;

  • a necessidade de um olhar que vá além da distinção Norte/Sul rígida, reconhecendo a diversidade de realidades dentro do Sul Global (grandes economias emergentes, países de média renda, e nações de baixa renda) e as suas respectivas capacidades, desafios e prioridades.

Ao adotar esse termo, o Observatório de Ambição Climática do Sul Global propõe uma perspectiva sul-centrada, que parte das experiências do Sul Global como ponto de partida para compreender políticas, negociações e ambições climáticas. O termo é, portanto, analítico e político: ele serve tanto para explicar as assimetrias que estruturam o sistema climático internacional quanto para afirmar uma agenda de justiça climática e solidariedade entre os povos do Sul, que reivindica reconhecimento, financiamento e espaço de decisão nas respostas globais à crise climática.

O que é o Sul Global?

As ambições climáticas se referem ao conjunto de metas, compromissos, políticas e estratégias que os países definem para enfrentar a crise climática — tanto na redução de emissões (mitigação) quanto na adaptação aos impactos já inevitáveis. No âmbito do Acordo de Paris (2015), essas ambições são expressas nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — documentos em que cada país estabelece seus compromissos de redução de emissões e suas políticas para alcançá-los. Elas devem ser revisadas a cada cinco anos, com níveis progressivos de ambição. Assim, as NDCs — e outras estratégias de longo prazo (LTS) — são a base de avaliação das ambições climáticas nacionais.

No Observatório da Ambição Climática do Sul Global, o monitoramento e a análise dessas ambições se estruturam em torno de sete eixos temáticos principais:

  • Perfil de emissões — análise da composição, fontes e tendências das emissões de gases de efeito estufa (GEE), considerando suas variações setoriais (energia, agricultura, uso da terra, processos industriais e resíduos).

  • Matriz energética — estudo das fontes de energia predominantes, do papel dos combustíveis fósseis e da expansão das energias renováveis, incluindo suas implicações sociais, ambientais e econômicas.

  • Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — acompanhamento das metas e compromissos assumidos por cada país no âmbito do Acordo de Paris, avaliando sua ambição, consistência e condicionantes de implementação.

  • Transição justa — análise das políticas, planos e iniciativas que buscam compatibilizar a descarbonização com geração de emprego, inclusão social e proteção de comunidades vulneráveis.

  • Planos Nacionais ou políticas públicas de Adaptação— avaliação das estratégias nacionais de adaptação, planos de ação e medidas de prevenção e resposta aos impactos climáticos já em curso.

  • Estratégias de Longo Prazo (LTS) — exame das metas e trajetórias de descarbonização de longo prazo, especialmente no que se refere à neutralidade de emissões.

  • Vulnerabilidade e risco climático — identificação dos grupos, setores e territórios mais expostos aos impactos climáticos e análise da capacidade institucional de resposta e resiliência.